VLT de cuiabá dificilmente ficará pronto a tempo do mundial, avalia secretário

21/02/2012 - Cenário MT

A literatura mundial tem mostrado que são necessários 5 anos para a implantação do VLT, 2 só de discussões e elaboração de projetos e 3 de execução das obras

Mesmo depois do governo estadual anunciar o regime diferenciado de contratação (RDC) para acelerar o processo licitatório e o trabalho em 3 turnos, o secretário de Assuntos Estratégicos de Várzea Grande e ex-diretor de Planejamento da extinta Agecopa, Yênes Magalhães, garante que o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) não ficará pronto a tempo da Copa do Mundo de 2014. "Não vou ser hipócrita, Deus queira que eu esteja errado, mas é muito difícil a obra ficar pronta a tempo. A literatura mundial tem mostrado que são necessários 5 anos para a implantação do VLT, 2 só de discussões e elaboração de projetos e 3 de execução das obras", pontua.
     
Yênes acredita que o Estado vai sofrer o mesmo processo vivenciado pelos moradores de Joanesburgo, na África do Sul, onde foi realizada a Copa de 2010. Ele observa que o trecho do VLT entre a maior cidade daquele país e Pretória só ficou pronto um ano e meio depois do último mundial. "Eles colocaram tapumes em torno das obras e maquiaram pintando bandeiras dos países que participaram dos jogos", lembra.
 
Apesar de saber que não há tempo suficiente para a implantação do modal, ele confessa que não deixaria de executar a obra, que ficará de legado à população. O secretário também critica a adoção do RDC, criado para acelerar as obras da copa em todo o país e das olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. "Não consigo entender como é que se licita o projeto básico, o projeto executivo, e as obras, tudo ao mesmo tempo. E nesse regime, depois que foi licitado, os valores não mudam", ressalta Yênes, ao lembrar que os problemas podem ocorrer em todo o Brasil.
     
Ex-secretário de Trânsito e Transporte de Cuiabá, ele também manifesta preocupação com o local em que serão instalados os terminais do VLT. O antiprojeto prevê a construção de 3 pontos, um no Coxipó, outro no CPA e outro no aeroporto. O secretário observa a necessidade de se construir outro terminal, na região do Cristo Rei, em Várzea Grande. "Somente o sistema de integração temporal não vai funcionar. Como vamos fazer as 100 mil pessoas do Cristo Rei descer do ônibus na avenida da FEB, atravesar a avenida para poder embarcar no VLT e vir a Cuiabá?", questiona.
     
Secopa
O secretário-adjunto de Infraestrutura da Secopa, o arquiteto Marcelo Oliveira, garante que a obra será concluída no prazo. Ele conta que será colocado no edital de licitação, a circular a partir da próxima quarta (22), o prazo de 24 meses para execução da obra. "Não importa o que ela tenha que fazer, a empresa que comprar o edital vai ter que se virar para cumprir o prazo", pontua.
     
Ele salienta ainda que existem técnicas construtivas, máquinas e aparelhos avançados para facilitar o trabalho, e ressalta que os viadutos, pontes e trincheiras serão executados ao mesmo tempo. Além disso, ele ressalta que terá uma equipe técnica da Secopa cobra dia e noite agilidade da empreiteira contratada. "Uma obra dessa não é um bicho de sete cabeças", frisa.
     
Já quanto à sugestão de Yênes de contrução de um terminal do VLT no Cristo Rei, Oliveira observa que o bairro Parque do Lago é próximo das avenidas de acesso ao aeroporto. "Além dos terminais, existirão outros pontos de integração. Na Secopa não tem nenhum irresponsável para não ter pensado em atender à população do Cristo Rei. Daremos a solução necessária", rebate. Quanto às críticas ao RDC, Oliveira frisa apenas esperar que as empresas tenham técnicos maduros o suficiente para elaborar os projetos para não haver erro.

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