Lisboa



Rua da Misericórdia, em 1918

"Carro «aberto» nº 240 da Brill. Com lotação individual de 36 passageiros, estes eléctricos receberam os números de série de 203 a 282.

Os primeiros eléctricos chegaram a Lisboa no dia 24 de anelro de 1901, a bordo do vapor Oscar II, vindo de Nova lorque. A remessa inicial constou de 54 carros abertos. Eram os famosos modelos da fábrica J. G. Brill, de Filadélfia, cuja silhueta fez parte do quotidiano da capital durante várias décadas. Embalados em 655 volumes, «cuidadosamente desmontados» (como o fornecedor anunciava nos catálogos de então), os eléctricos pesavam 1216 toneladas, excluindo as 21 caixas de material inerente à montagem. [...]

Nestes primeiros carros, a caixa (composta de leito, tejadilho com lanternim, 10 colunas e estribos corridos) assentava sobre um truck de dois eixos e quatro rodas, accionado por dois motores General Electric n.° 59 (de 25 cavalos). Os freios eram mecânicos (às rodas e ao carril) e eléctrico (no controller). Este último freio (com mais exactidão denominado comutador), do tipo K-10, dividia a marcha em nove pontos de velocidade (sendo nove o máximo). E foi assim que, sempre que vêem alguém andar muito depressa, os lisboetas se habituaram a dizer «vai a nove!». Cem anos volvidos, esta expressão é uma das provas de que os eléctricos entraram imediata e duradoiramente no imaginário da cidade."

(DIAS, Marina Tavares, História do Eléctrico da Carris, 2001)

Joshua Benoliel, in AML






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