Usuários falam em dignidade, denunciam máfia e condenam MPF e MPE

08/08/2012 - 24 Horas News

Obras de mobilidade urbana da Copa: Justiça manda parar o VLT de Cuiabá

Por Edilson Almeida

O Ministério Público está contra o povo, quem diria! Essa é a conclusão que se pode tirar de centenas de manifestações sobre a decisão da Justiça Federal de Mato Grosso em suspender as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), principal obra de mobilidade urbana de Cuiabá, previsto para estar funcionando na Copa de 2014. A decisão liminar foi do  juiz Marllon Sousa, da 1ª Vara Federal, em instrumento de Ação Civil Pública proposta por promotores do Ministério Público Estadual e procuradores da República, abrigados no Ministério Público Federal.

Uma das manifestações mais eloquentes contra a decisão – que pode atrasar ainda mais a execução da obra, partiu da  Associação dos Usuários de Transporte Coletivo do Estado de Mato Grosso. A entidade atua desde 1990 atua para o melhoramento da condição de vida das pessoas sem condições financeiras de acesso a outro meio de mobilidade urbana que o transporte público.

Em nota, a presidente da entidade, Marleide Oliveira Carvalho,  fala em dignidade, “máfia do transporte” e condena a atitude ministerial, classificada como “improvisada”  e também do juiz da causa. “Esta comprovado que não sentem na pele o que é o sofrimento do povo cuiabano, o trânsito caótico das  nossas cidades irmãs, causam dia após dias inúmeros acidentes e muitas mortes resultado de um transporte coletivo de péssima qualidade; com certeza não  andam  de ônibus em Cuiabá e Várzea Grande, ficam em seus gabinetes com todo conforto pago por nós cidadãos brasileiros”.

E acrescenta: “No momento em que o País esta se redefinindo a nível global, a Associação não pode aceitar, as barbaridades que estão acontecendo na Região Metropolitana de Cuiabá”.

Marleide destaca, entre outros,  fabricantes de chassis, carrocerias, pneus, empresários de transporte coletivo, revendedores de combustíveis “e muitos candidatos ao poder público e até prefeitos poucos escrupulosos”, formando o que classifica como “um poderoso grupo econômico” conhecido em todo o Brasil como a “máfia dos transportes”. Segundo a especialista, esse grupo representa uma “barreira gigantesca no caminho do desenvolvimento socioeconômico sustentável do país”.

Para ela, o sistema VLT foi definido legalmente pela própria população através do artigo 11-XII da Lei Complementar Municipal n°150 de 2007, o Plano Diretor Participativo de Cuiabá. “Ao contrário do sistema BRT forçado, o VLT é um verdadeiro sistema de grande capacidade, evolutivo e capaz de realmente atender ás necessidades da população em curto, médio e longo prazo” - defendeu.

Marleide considera que implantar o VLT  em Cuiabá como "Modelo Nacional" elaborado por meio de sistemas inteligentes da última geração, vem comprovar a sua eficácia e pegar 20% do mercado nacional de ônibus urbano com os seus artifícios onerosos, ou seja, tirar cerca de 15 mil ônibus das mãos do monopólio do transporte sobre pneus nas grandes cidades brasileiras o que explica a violência das intervenções contra o progresso inelutável que constitui o VLT integrado num sistema metropolitano automatizado.

Ela descaracteriza as questões levantadas pelos promotores e procuradores, ao destacar a questão da sustentabilidade ambiental e dos próprios custos. Segundo Marleide, está provado mundialmente que o  ônibus tem um consumo quatro vezes de mais energia por passageiro transportado que o VLT. “Portanto, para acabar com o "Custo Brasil" o primeiro passo será implantar o “Sistema Metropolitano de Transporte”, realmente eficaz e sustentável, com veículos adequados ás características de cada linha” – ela frisou.

O modal BRT, segundo a dirigente, ficará muito mais oneroso para Cuiabá e Várzea Grande,  além de ter a mais 90% de desapropriações , que com o sistema VLT, que praticamente estão prontas os canteiros da Avenida  do CPA, um pouco das Avenidas Fernando Corrêa e da FEB.

A posição da associação dos usuários em favor da implantação do VLT, ela acrescenta,  “não é baseada na simples intuição, mas é o resultado de uma definição tecnicamente comprovada”. Cita o trabalho do especialista  Jean Marie Modest Van Den Haute, falecido em outubro de 2011, um dos idealizadores do projeto, com  vasta  experiência na área, sendo uns dos pioneiros do sistema VLT na Bélgica. “Haute trouxe para este estado seus serviços técnicos com mais de 50 anos de ofício no assunto” - comentou.

O trunfo essencial do VLT, de acordo com a presidente da Associação dos Usuários, é de ser o “Vetor da Sustentabilidade Urbana”, objetivo do Estatuto das Cidades, pela sua eficiência, pela valorização imobiliária nos centros ativos e pela oportunidade de alcançar o “Preço Social Justo”, exigência da Constituição Federativa e da Lei Orgânica do Município de Cuiabá.

Marleide ainda  sugere que uma operação financeira internacional de padrão metropolitano tipo BOT, em longo prazo, as garantias serão oriundas da própria tarifa paga pelos usuários e que, em Cuiabá, torna em capacidade de endividamento à cerca de R$ 8 bilhões. “Seria contrária aos objetivos da PNMU, Política Nacional de Mobilidade  Urbana, Lei 12.587, investir recursos provenientes do próprio usuário num sistema que não atende com eficácia a sua finalidade” - frisou.

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