Câmara de Cuibá (MT) aprova plebiscito para escolha entre VLT e BRT


25/05/2021 - Diário do Transporte

Jessica Marques

A Câmara Municipal de Cuiabá, no Mato Grosso, aprovou em regime de urgência a realização de um plebiscito para a escola do modal de transporte público que será implantado na capital. Assim, a população poderá escolher entre VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou BRT (Ônibus de Trânsito Rápido).

Entretanto, a data para realização e o valor do plebiscito ainda não foram definidos.

O Projeto de Decreto Legislativo que prevê a convocação de plebiscito para consultar a população cuiabana foi votado nesta terça-feira, 25 de maio de 2021, em sessão ordinária. Ao todo, foram 17 votos favoráveis e três contrários.

A matéria tem como autores os vereadores Dídimo Vovô, Professor Mário Nadaf, Juca do Guaraná Filho, Sargento Vidal e Rodrigo Arruda e Sá.

De acordo com a proposta, a Câmara Municipal “convocará consulta plebiscitária acerca, com base no art. 11, XVII, da Lei Orgânica Municipal, para que a população Cuiabana opine sobre qual o modal de transporte público a ser aprovado, entre a implantação do ‘Bus Rapid Transit – BRT’ ou a conclusão do ‘Veículo Leve sobre Trilhos – VLT'”.

HISTÓRICO

Adamo Bazani

Como mostrou o Diário do Transporte, em 21 de dezembro de 2020, o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes anunciou a troca do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) por um BRT (Bus Rapid Transit), sistema de corredores com maior velocidade e capacidade que corredores comuns, para a ligação entre os municípios de Cuiabá e Várzea Grande

O meio de transportes sobre trilhos deveria ter sido entregue antes da Copa do Mundo de Futebol de 2014, mas não era a modalidade original definida para o trajeto.

A proposta original era de um BRT, mas foi trocada pelo VLT o que, na ocasião, levantou suspeitas de direcionamento e corrupção pelo fato de a obra e o sistema do Veículo Leve sobre Trilhos serem mais caros com capacidade de passageiros semelhantes (veja mais abaixo).

Segundo a administração estadual, a decisão em pedir a substituição levou em conta estudos técnicos elaborados pelo Governo de Mato Grosso e pelo Grupo Técnico criado na Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana. Os estudos concluíram que a continuidade das obras do VLT era “insustentável”, demoraria até seis anos para conclusão, custosa aos cofres públicos, com pouca vantagem à população e ainda contaria com uma tarifa muito alta.

Conforme o relatório, as irregularidades no contrato do VLT existem desde a fase de licitação e resultaram em várias ações judiciais em andamento. A situação piorou após a delação do ex-governador Silval Barbosa, que confessou vários crimes ligados a esta obra, envolvendo recebimento de propinas milionárias para a escolha do modal, além de pagamentos superfaturados. Com a rescisão do contrato, as empresas que integram o consórcio ainda foram declaradas “inidôneas para contratar com o Poder Público”.

Os investimentos para o VLT até dezembro de 2020 foram de mais de R$ 1 bilhão.

Mesmo assim, segundo o governo estadual, com base em estudo técnico com mais de 1,4 mil páginas, é mais vantajoso o engavetamento do VLT.

O BRT terá um custo total de R$ 430 milhões para ser implantado e o VLT poderia chegar a R$ 763 milhões para a finalização.

Além disso, segundo o estudo apresentado pelo governo do estado, atualmente, o custo por passageiro do BRT seria de R$ 3,04, enquanto seriam necessários R$ 5,28 para o VLT fazer o mesmo transporte.

Não seria a tarifa final, já que os valores só levam em conta a operação do BRT ou do VLT sem a integração com os ônibus comuns.

Ainda de acordo com o governo do Estado, o tempo de implantação do BRT será de 24 meses e do VLT de 48 meses a partir de 2021.








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