Aracaju, SE

Empreza Carris Urbanos Aracaju
Empresa Tracção Elétrica de Aracaju

1908 - 1950

Histórico

Em abril de 1908, o governo do estado de Sergipe ofereceu a garantia de 6 por cento de juros a quem se interessasse em implantar uma linha de carris urbanos em Aracaju. Em 16 de setembro de 1908, através da Lei nº 540, foi organizado o contrato da Empreza Carris Urbanos Aracaju. Em 24 de outubro de 1908, a empresa inaugurou sua primeira linha de bonde de tração animal, com carros comprados de segunda mão da cidade de São Salvador da Bahia. Os carros tinham capacidade para 20 passageiros, distribuídos em 5 bancos.

A primeira linha ligava a Cadeia Velha (atual Palácio Olímpio Campos) ao Trapiche Pohlman. Segundo um morador tinha o seguinte itinerário: "da porta do palácio presidencial (Palácio Olímpio Campos), faz uma curva em frente à repartição dos telégrafos (face sul da praça Fausto Cardoso), dobra a esquina do Hotel Brasil (atual Assembleia Legislativa), e vai terminar em frente ao Trapiche Pohlman (próximo à Capitania dos Portos), de onde volta, passa em frente à ponte do Governador (atual Imperador]), atravessa a rua da Aurora (trecho da Avenida Rio Branco) e vai até a Alfândega (atual Centro Cultural de Aracaju)".



Em 7 de março de 1909, foi finalizada a construção da linha de bond para o arrabalde da Bella Vista (Fundição). Em março de 1909, foi iniciada a construção da linha para o Matadouro.

No início de 1912, segundo o Annuario Estatistico do Brazil,  o sistema de carris de tração animal da cidade de Aracaju contava com 8 km de linhas, 60 muares, 5 carros de passageiros e 16 de carga.

Em 1918, a Empreza Carris Urbanos mantinha com grande dificuldade a operação do sistema de bonds de tração animal, em função do mal estado do material rodante e da falta de manutenção das vias. A empresa contava com 13,680 Km de linhas e 89 muares, a maioria imprestáveis. 

Em 9 de maio de 1919, a fim de assegurar o serviço, a Empresa Carris Urbanos foi encampada pelo Governo do Estado de Sergipe. 

Em 1920, em função das dificuldades de manutenção do serviço de tração animal, desde a aquisição de forragens ao esforço dos animais em vencer os grandes areais, os são iniciados os estudos de eletrificação das linhas. A conclusão dos estudos são entregues para três importantes companhias: Companhia Suissa de Energia Elétrica, Siemens-Schuckertwerke, e Westinghouse. O projeto de eletrificação previa a construção de 3 importantes linhas, a primeira, à margem do rio Cotinguiba, patindo do Bairro Industrial ao Bairro Presidente Barbosa, voltando pela rua de Itabaiana, a segunda, servindo as ruas Itabaiana, Siriry e Larangeiras, e a terceira, partindo da estação ferroviária, servindo as ruas de Japaratuba, Arauá e Praça da Catedral. A extensão máxima das linhas seria de 15 Km, alimentadas por uma corrente contínua de 600 volts.

Material rodante em 1923

09        Carros para passageiros
03        Carros especiais de uso do governo do estado
01        Carga transporte de carne entre o Matadouro e o Mercado
01        Carro para o Serviço funerário

Eletrificação

Em 18 de maio de 1926, a concessionária Empresa Tracção Elétrica de Aracaju, administrada pela firma Andrade, Campos & Cia, inaugurou a primeira linha de bonde elétrico de Aracaju. Os veículos eram fabricados pela firmaVan der Zypen & Charlier, na cidade de Köln, Alemanha. Cada bonde tinha capacidade para 35 passageiros sentados e 25 nos estribos.

Em 1928, a concessionária Empresa Tracção Elétrica de Aracaju foi encampada pelo governo do estado, que assumiu as dívidas com os credores alemães Siemens Schuckert e a Motores Deutz Otto. Em 1935 o sistema passou a ser administrado pela estatal Serviços de Luz e Força.


Bonde elétrico na década de 1930

Rua João Pessoa no trecho entre as ruas Laranjeiras e São Cristóvão

Praça Fausto Cardozo e o Palácio do Governo
Cartão Postal

Palácio do Governo

Avenida Ivo do Prado



Em 1935, segundo dados da Diretoria de Estatistica Estadual, a cidade de Aracaju contava com 63.944 habitantes, 12 bondes, cerca de 400 automóveis, e 11 omnibus.



Rua João Pessoa

Rua Itabaianinha


Aracaju foi a única cidade de Sergipe a possuir bondes e a última capital a eletrificar suas linhas. O último bonde circulou em 1950.


Bondes elétricos (1926-1950)
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Linhas do bonde elétrico, por Murilo Mellins

Bonde número 1 Luz Azul – Bairro Industrial. Ponto de partida: Praia do Tecido ou (Chica Chaves), percorria a avenida Confiança, avenida João Rodrigues, passando pelo centro, entrando na praça Fausto Cardoso, indo pela avenida Ivo do Prado, avenida Augusto Maynard, descendo a rua Itabaiana, em direção à rua João Pessoa e daí ao ponto de origem. No fim de linha, os passageiros desciam, os encostos dos bancos eram invertidos, o aro era puxado em sentido inverso. O motorneiro encaixava a manivela no outro motor que ficava na parte posterior, seguindo agora o seu curso normal. Dezenas
de estudantes tagarelas, casais de namorados, moços e idosos faziam habitualmente esse passeio nos fins de tardes e noites quentes de verão. 

Bonde número 2 Luz Verde – Santo Antônio. Seu percurso iniciava ao pé da ladeira de Santo Antônio, percorrendo ruas do bairro, subia a rua Itabaiana, passava pela Folha 30 rua Vila Nova, atual (Duque de Caixas), descia pela avenida Ivo do Prado, passando pela praça Fausto Cardoso, rua João Pessoa, avenida Coelho e Campos, avenida João Ribeiro, em direção ao Santo Antônio. Esse também era um passeio agradável e concorrido, principalmente na época dos festejos juninos.

Bonde número 3 Luz Vermelha – Aribé. Esse trafegava pelas principais ruas do atual Siqueira Campos.

Bonde número 4 Luz Amarela – 18 do Forte. Servia as ruas que demandavam àquele bairro.

Bonde número 5 Luz Branca – Circular. Subia rua Laranjeiras, passava pela avenida Pedro Calazans, praça da Bandeira, descendo pela avenida Barão de Maruim, passando pela rua Arauá, até o ponto de início. Essa linha servia aos moradores dos bairros Cirurgia, Caixa Dágua, Carro Quebrado, e levava muita gente ao Cinema Guarany e aos circos armados na praça da Bandeira.

Bonde número 6 – Joaquim Inácio. Servia a algumas ruas do centro da cidade e do bairro 18 do Forte

Mapa - Bonde Elétrico no Google Maps

Passageiros

1912           408.620
1930        4.403.000        
1931        4.831.000
1932        4.570.000


REFERÊNCIAS:

Sergipe actual. Folha de Sergipe. Aracaju. 30 abril 1908. p.1.

Bonds. Folha de Sergipe. Aracaju. 13 agosto 1908. p.2.

Carris Urbanos. Folha de Sergipe. Aracaju. 07 fevereiro 1909. p.2.

Varias Notas. Folha de Sergipe. Aracaju. 21 março 1909. p.2.

BRASIL. Annuario Estatistico do Brazil, 1912. Directoria Geral de Estatistica. Ministerio da Agricultura, Indústria e Comércio.

Relatorios dos Presidentes dos Estados Brasileiros (SE) - 1891 a 1930.

CRUZ, J. Aracaju a Cidade Xadrez. Revista Vida Doméstica. 1935, novembro, número 212.

NETO, Amâncio Cardoso dos Santos. Aracaju no Tempo do Bonde: entre História e Memórias, 1908–1950. Ver

MELLINS, Murillo. Aracaju romântica que vi e vivi. 3. ed. Aracaju: Unit, 2007. p. 165 e 261.

BARRETO, Armando. Cadastro industrial, comercial, agrícola e informativo de Sergipe. 1953.

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